A separação entre interior e exterior da casa ganhou nos últimos três anos uma redobrada relevância nas nossas vidas. O segundo programa temático do Batalha aborda o espaço doméstico no contexto das diferentes vivências que nele podem ocorrer, focando-se nas suas ruturas e possibilidades afetivas, também enquanto motores económicos da sociedade. Seguindo a máxima feminista “o pessoal é político”, Domesticidade(s) apresenta contextos de coabitação diversos atravessados por distintas reivindicações de ordem ética e identitária; com elas, abre o debate sobre trabalho doméstico, prestação de cuidados, laços familiares, intimidade, amor, comunidade e direito ao ócio e à habitação.

Fazendo uso da ficção, do documentário, e do cinema experimental, o programa confronta-nos com as nossas próprias domesticidades, convidando-nos a refletir sobre a ideia de “casa”: o que nela acontece e que relações emocionais e de poder pode acolher. De 1966 a 2019, limites temporais deste conjunto de filmes, há espaço para múltiplos autorretratos, fruto de uma visibilidade do processo artístico com que muitas realizadoras e realizadores quiseram impregnar os seus filmes — sempre políticos, sempre emocionais.

Curadoria de Alejandra Rosenberg Navarro e Ana David