Programa:
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Evento realizado.
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O Symposium é um evento que se insere no âmbito do SPECTRAL, projeto desenvolvido em Portugal pela Cooperativa Laia e que coloca o espaço do Laboratório da Torre em diálogo com outros laboratórios de cinema analógico europeus geridos por artistas. Neste contexto, convidaram-se as investigadoras e programadoras Teresa Castro e May Adadol Ingawanij para apresentarem as suas investigações em torno do conceito de animismo, nas suas relações (e possíveis divergências) com as práticas do cinema experimental e da arte cinemática expandida. Ambas as conversas serão acompanhadas de um programa de filmes pensado por cada uma das convidadas.
21 Mai Qua 17:00 Bar High Life
Entrada livre
“O cinema animista como arte da atenção”
Apresentação por Teresa Castro
Dum ponto de vista histórico, a expressão “cinema animista” evoca um conjunto de debates sobre as forças latentes ou manifestas das imagens cinematográficas, decorridos nos anos 1920–1950. Mas o que pode significar hoje o cinema animista? Apesar dos contributos incontornáveis da antropologia contemporânea para uma compreensão renovada do animismo, o cinema animista é aqui pensado em relação com a crise ecológica que atravessamos e a partir das propostas da filósofa e militante ecofeminista australiana Val Plumwood. Nos seus escritos, Plumwood defende um animismo filosófico que valoriza a matéria e nela reconhece formas de intencionalidade e de criatividade. Neste âmbito, algumas práticas características do cinema experimental são particularmente interessantes, sugerindo a ideia dum cinema animista como uma sensibilidade. Ou seja, como uma ética da atenção e do cuidado.
“Animistic Apparatus”
Apresentação por May Adadol Ingawanij
A conversa baseia-se na experiência da oradora no desenvolvimento de um projeto de investigação curatorial experimental com diversos colaboradores. “Animistic Apparatus” (2018–) concebe um método curatorial para explorar ecologias de relações que entrelaçam práticas cinematográficas e cosmológicas com múltiplos seres agenciais em mundos de poderes e potências assimétricos. O desenvolvimento do projeto implicou, em parte, a re-situação da questão fundamental da teoria do cinema: o que é o cinema? O projeto reaprende a curadoria de imagens em movimento inspirando-se numa genealogia cinematográfica e cosmológica animista da cultura cinematográfica na Tailândia: a prática da projeção de filmes ao ar livre como esforço ritualístico em ecologias espirituais de pessoas em circunstâncias precárias para criar tempo, perspectivas futuras e relações com poderes opacos.
21 Mai Qua 19:15 Sala 2
Entrada gratuita, com levantamento de bilhete
Sessão programada por Teresa Castro
Pwdre ser the rot of stars, Charlotte Pryce
16 mm, cor, sonoro, 2019, 6’35 min.
O filme retrata um encontro com uma substância misteriosa, luminosa e eléctrica. Inspirado igualmente por relatos medievais de experiências visionárias e pela fotografia do invisível do século XIX, PWDRE SER conjuga a fotografia Kirlian com imagens processadas à mão. “Pwdre ser” é o nome galês para uma substância mítica por muitos observada desde 1400.
Li: the Patterns of Nature, John N. Campbell
16 mm, cor, sonoro, 2007, 9’07 min.
LI é uma palavra chinesa que se refere à inteligência e à ordem subjacentes da natureza, tal como reflectidas nas suas formas orgânicas. Este filme explora, em termos poéticos e não-narrativos, a miríade de padrões da natureza que são gerados espontaneamente no mundo físico e esbate a distinção entre fenómenos vivos e inanimados.
Becoming Extinct (Wild Grass), Elke Marhöfer
16mm, cor, sonoro, 2017, 23 min.
Os dois conceitos de extinção e devir são difíceis de pensar em conjunto, ambos são mais do que simples metáforas e nenhum deles oferece uma saída fácil. A extinção enfatiza o nível extraordinário de perturbação e precariedade que impusemos à nossa e a outras espécies. Tornar-se significa assumir a luta pela sobrevivência colectiva juntamente com os não-humanos. Talvez possamos começar por perceber o mundo não como “nosso” — o nosso clima, a nossa sobrevivência, os nossos filmes e as nossas imagens.
Há ouro em todo o lado, Rita Morais
16 mm, cor, sonoro, 2023, 12’30 min.
Com Há ouro em todo o lado entramos nas subterrâneas reminiscências de uma mina de ouro romana para, num movimento de dentro para fora, encontrar a multiplicidade de subjectividades que re-habitam o território da antiga mina.
21 Mai Qua 21:15 Sala 2
Entrada gratuita, com levantamento de bilhete
Sessão programada por May Adadol Ingawanij
{if your bait can sing the wild one will come} Like Shadows Through Leaves, Migrant Ecologies Projects
2021, 28min.
Este filme é uma parte de um compromisso a longo prazo com Tanglin Halt, um dos mais antigos bairros sociais de Singapura, que se estende ao longo de uma antiga linha de caminho de ferro. A linha férrea foi propriedade do Estado Malaio até 2011, o que significa que uma zona de governação indeterminada com dez metros de largura atravessou o coração de Singapura durante cinquenta anos, sendo palco de uma fecundidade de actividades mais do que humanas, desde as informais às selvagens. Ornitólogos observaram 105 espécies de aves nesta zona. No entanto, o terreno ao longo dos carris está a ser reaproveitado como um parque de corredor verde através de um novo centro de biotecnologia e de meios de comunicação social... Os nossos repetidos regressos a este local contestado visam localizar os fragmentos remanescentes de chamamentos, ecos, sombras, memórias e encontros transformadores que ainda animam esta zona, como sombras através das folhas.
Migrant Ecologies Projects é conceptualizado por Lucy Davis, juntamente com: Designer de som, Zai Tang; Diretor de fotografia e editor, Kee Ya Ting. Editor, Daniel Hui & Design Studio Crop Singapura.
Birth of the Seanéma, Sasithorn Ariyavicha,
2004, 70min.
Sasithorn editou este filme mudo e a preto e branco a partir de muitas horas de filmagens em DV, observando intensamente as ruas de Banguecoque, vistas aéreas, a linha costeira, o bater das ondas, gestos, figuras e rostos. Uma inscrição alfabética inventada acompanha o ritmo lento e deslizante do filme. A disposição das letras e a sobreposição de imagens contam uma fábula sobre o mar como o meio de todas as memórias de todos os seres do mundo.
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