No pós-25 de Abril, Portugal estava no centro de uma encruzilhada: tinha um regime democrático e eleito, mas ainda batalhava com os resquícios do fascismo no quotidiano. É no meio dessa discussão de Portugal como país que Artur Semedo escreve e realiza O Rei das Berlengas, sátira profunda e cruel à história do país e aos seus mitos fundadores. Utilizando um mecanismo de documentário fake, o filme conta a história de D. Lucas Telmo de Midões (com um inexcedível Mário Viegas), descendente último de uma linhagem que propõe uma história alternativa de Portugal, e que reivindica, como missão redentora, a independência das Berlengas.