Entre o som da água, o sopro do vento e o retumbar dos metais, emergem duas novas obras da artista portuguesa Priscila Fernandes: Fanfare 2025 e There Are No Radical Futures. Desenvolvidas a partir de uma parceria entre o Batalha Centro de Cinema e a Solar Galeria de Arte Cinemática, com o apoio da Mondriaan Fonds, estas criações propõem uma leitura crítica, poética e musical do presente, a partir de ideias de paisagem, comunidade e crise ecossocial.

Fanfare 2025 revisita o clássico Fanfare (1958), de Bert Haanstra, contrapondo a imagem idealizada do pós-guerra à realidade contemporânea marcada pela crise ecológica, pela nostalgia reacionária e pela polarização ideológica. O centro da ação é, mais uma vez, uma banda filarmónica local, dominada por rivalidades absurdas e unida apenas por uma missão comum: vencer o concurso anual.

Se Fanfare 2025 é uma ficção cómica e agridoce sobre um mundo que se desfaz, a obra There Are No Radical Futures baseia-se em registos que documentam a tentativa de mantê-lo unido. Esta instalação vídeo multicanal acompanha 19 fanfarras militantes de diferentes partes da Europa nos seus ensaios e intervenções, em que os músicos tocam como protesto contra a violência, a desigualdade, a crise climática, o patriarcado, o racismo e o fascismo.

Sessão seguida de conversa com Priscila Fernandes e Andrew Snyder (etnomusicólogo e autor de estudos fundamentais sobre música como resistência política). Entrada gratuita, mediante levantamento de bilhete no próprio dia. Limitado a dois bilhetes por pessoa.